A mistura de inovação e impacto, aliada aos algoritmos das redes sociais, pode se tornar elemento poderoso de viralização dos seus conteúdos. Para o bem a para o mal.
Passado o “pico” da Covid 19 e na semana em que são anunciados dois dos maiores lançamentos contemporâneos da indústria cinematográfica estadunidense (Barbie e Oppenheimer), é possível verificar que há pessoas comuns, celebridades e mesmo entes políticos que tentam pegar uma carona em meio ao fluxo de informação destes lançamentos para impactar os seus públicos.
A prática é corrente e pode ampliar o alcance de sua reputação, mas alerto que nem sempre alcança o reconhecimento esperado, ou mesmo o fortalecimento de suas posições.
Um caso pra lá de exemplar
Para exemplificar, destaco o conteúdo em vídeo, preparado para celebrar a Independência da Colômbia e que foi publicado e – depois de críticas e memes contra o presidente, Gustavo Petro (@gustavopetrourrego) e sua vice, Francia Márquez (@franciamarquezm) na conta TikTok do governo – retirado sem maiores explicações.
Para oferecer mais elementos de avaliação, o aniversário de Independência coincide com a data do lançamento mundial dos filmes, 20 de Julho, e, por certo, a equipe de comunicação deve ter preparado o conteúdo imaginando captar novos seguidores e apoiadores, ao mesmo tempo em que entretem sua audiência atual.
E o conteúdo “cancelado”, segundo matéria da Folha de São Paulo de 17/07/2023, apresentava o presidente, Gustavo Petro, usando camisa rosa, chapéu e botas em áreas “alagadas e lamacentas” (sic), convidando a população para celebrar a soberania do país, logo após uma sequência onde Barbie tira o salto rosa e fica na ponta dos pés.
Mas pra onde foi a conexão?
Quem acompanha ou conhece o modo com que Gustavo Petro se comunica, rapidamente percebe que a mudança no “tom e estilo” é radical e não se conecta com o histórico reconhecido do presidente, que tem fala mansa, clara e pausada, colocando em xeque até mesmo a credibilidade da informação.
Imagine a felicidade de seus opositores, que nem precisam de mais motivos para ampliar críticas. Rapidamente a #PetroBarbie ganhou relevância no plano digital, o que motivou a exclusão do vídeo.
Mesmo quando leveza e descontração se tornam elementos necessários na comunicação pelas redes sociais, como é o caso, uma comunicação estruturada precisa ser pensada respeitando a identidade e trajetória do personagem ou instituição protagonistas, preservando suas identidades, reforçando suas qualidades e facilitando o acesso e compreensão.
Afinal, o cotidiano pode ser difícil, exaustivo e até mesmo estressante, mas a comunicação não precisa ser.
Mudanças de “tom e estilo” não são proibidas
A depender do momento, ou gravidade do objeto de comunicação, a mudança de tom deve se fazer presente, inclusive para que o protagonista demonstre os seus sentimentos, se humanize perante sua audiência. Afinal, compartilhar emoções amplia o interesse e engaja os seguidores.
Portanto, promover mudanças de tom e estilo, deve ser um processo pensado e construído de maneira a preservar a relação do protagonista com suas conexões.
E uma vez definido o escopo da mudança, haverá públicos que vão se adaptar à ampliação de temas, novas causas e – consequentemente – novas bases de apoio e conexões, como normalmente acontece com o ente político que amplia o seu território de ação, adota nova “causa” entre as suas bandeiras tradicionais ou mesmo pretende disputar um novo cargo, seja proporcional ou majoritário.
Mais uma vez, o exemplo é tudo
Nesta perspectiva, trago o exemplo do vereador de Florianópolis, Gabrielzinho Meurer (@gabrielzinho.sc), que é protagonista de um conteúdo em vídeo, cujo propósito é informar aos seus públicos e seguidores sobre a data de lançamento do filme Barbie, numa clara iniciativa para ampliar o alcance de seus conteúdos, ao mesmo tempo em que informa que passou a “lutar contra a Pirataria”. Uniu útil e agradável.
Como o conteúdo “cancelado” do governo da Colômbia, o vídeo de Gabrielzinho Meurer também se apropria de imagens do lançamento do filme Barbie. E embora seu tom e estilo de comunicação possam ser considerados tradicionais, a audiência literalmente abraçou o conteúdo, manifestando apoio, celebrando o bom humor e apoiando o vereador, que tem como bandeiras tradicionais a “defesa do consumidor” e “direitos das Pessoas com Deficiência (PCD)”.
A principal razão do reconhecimento ao vereador por sua audiência está na proximidade de sua narrativa com seu estilo tradicional e leve no compartilhamento de informações em suas redes. Não houve ruptura abrupta. Houve adição de bandeira, que naturalmente promove a oportunidade de alcançar novos públicos e vincular-se a temas que, bem escolhidos, permitirão ampliar suas bases de apoio de forma exponencial.
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Nilson Hashizumi é profissional de marketing, jornalista, fotógrafo e gestor de cultura, com MBA em Comunicação Governamental e Marketing Político pelo IDP-Brasília. Coordenou e orientou campanhas de prefeitos em São Paulo e no Pará. Tem ainda experiência destacada em campanhas para deputado estadual em São Paulo. Com foco em resultados, trabalha com abordagem de processos na gestão da comunicação on-line e off-line, para construção de imagem, formação de opinião e reputação. Atuou por 28 anos no segmento de marketing, comunicação e sistemas de gestão para a iniciativa privada, organizações da sociedade civil e entidades de classe. https://www.linkedin.com/in/nilsonhashizumi/