Usuários de redes sociais buscam – principalmente – leveza, diversão e entretenimento nas redes sociais. Por isto, o uso dos “memes” se difundiu na comunicação de marcas, pessoas e instituições.
Por Nilson Hashizumi
Num fim de tarde da semana que passou, estávamos no Fausto & Manoel da 406 Sul, em Brasília: eu, João Henrique Faria, estrategista da Alcateia Política com base em Minas Gerais, a assessora parlamentar Marcela Rizério e Caio Manhanelli, consultor político, filho do saudoso estrategista e profissional de pesquisa, Carlos Augusto Manhanelli.
Foi João Henrique quem me apresentou o Caio e Marcela naquele encontro, que por sinal foi muito agradável. Pudemos nos conhecer mutuamente, compartilhar alguns “causos” e rememorar situações profissionais, personagens da política e da própria comunicação e marketing políticos de ontem e de hoje também.
Numa certa altura, já descontraídos e em meio à conversa fluida, João Henrique nos trouxe uma questão para debater. Tratava-se de uma pergunta enviada por uma de suas alunas do MBA de Comunicação Pública e Governamental da PUC –Minas: “- Professor!! Pode usar ‘meme’ em comunicação de prefeitura?”
“Meme” misógino, machista e sexista?! Assim não pode, assim não dá!
Recentemente, um post publicado pela Prefeitura de Maceió (https://www.instagram.com/prefeiturademaceio/) em sua página comercial do Instagram, na qual se denominou a “Capital do Amor”, teve grande repercussão.
O post traz em seu título: “Tá solteiro forçado? Vem ser feliz em Maceió”, explorando a imagem de mulheres, personalidades nacionais, que na semana passada tornaram pública a sua separação, um novo “status” matrimonial, entre elas as cantoras Sandy e Luísa Sonza (não sei quem são as outras moças).
Diante do impacto provocado na página, mais de 18,1 mil pessoas interagiram com o conteúdo, sem falar dos quase 2,5 mil comentários negativos. Com a repercussão negativa, na postagem seguinte veio uma nova “pérola”. Uma “Nota de Esclarecimento”, cujo propósito foi tirar o “peso negativo” do “meme”, provocou outras mais de 13,3 mil manifestações e quase 1,1 mil comentários também negativos.
A manutenção da estratégia e o tom “brincalhão” foram condenados com o seguinte texto: “A estagiáriainforma que, apesar da repercussão da postagem anterior, NÃO FUI DEMITIDA. Maceió continua sendo o destino mais procurado do Brasil e a capital de todos os amores – inclusive o amor próprio. Pode chegar, confia na dica do estagiário. Aqui tem empoderamento feminino, liberdade de escolha e Não sempre será Não! (sic)”.
Depois das manifestações questionando e criticando ambos os conteúdos, a página mudou de assunto, mas o engajamento caiu significativamente e a relevância também.
Embora já tivesse resposta para o questionamento de sua aluna, “usar ou não usar ‘meme’ em comunicação oficial de prefeitura”, João Henrique nos provocou e pediu a cada um de nós que discorresse sobre a questão, com as ponderações e aspectos que precisam ser considerados.
Encontro de Interesses: redes, usuários e marcas
Todo perfil que habita as redes sociais sabe que nestas plataformas acontece uma convergência de interesses entre ao menos 3 entidades: plataforma, anunciante (perfil ou página comercial) e usuária(o).
E em meio a esta convergência se pode compreender os seguintes papéis:
- Plataforma: acumula informações sobre os usuários e seu comportamento no consumo dos conteúdos, o que permite a micro segmentação, quantificação deste perfil básico, distribui conteúdos (grátis, de forma orgânica em quantidade cada vez menor) ou cobrando (conforme o estabelecido em leilão) pela entrega de conteúdos dirigidos aos segmentos eleitos;
- Anunciantes: buscam segmentos de interesse (clientes e prospects) para promover seus produtos, serviços e reputação;
- Usuários/ Consumidores: buscam criar e manter conexões, através da interação com outros usuários e anunciantes, bem como busca informações e entretenimento.
Resposta de João Henrique à aluna do MBA da PUC/MG
Há controvérsias sobre o uso de memes por mídias governamentais. A Prefeitura de Salvador faz isso com maestria. O problema é que, se em algum momento houver uma infelicidade, pode estragar todo um processo de comunicação.
O humor precisa ser bem-feito e feito em relação aos projetos positivos. E como o meme normalmente é utilizado para coisas negativas, são poucos aqueles que se arriscam.
De fato, a discussão interna que vocês estão tendo aí procede. Porque não é uma decisão fácil de se tomar.
Fosse eu, o responsável pela decisão, não usaria. O procedimento vai abrir precedentes internos e, em pouco tempo, uma secretaria municipal, ou autarquia ou mesmo alguma autoridade municipal de menor peso ou relevância vai se sentir no direito de produzir conteúdo com potencial de “meme” e daqui a pouco haverá outros “atores” fazendo memes inadequados. Afinal, nem tudo está sob o controle centralizado da Comunicação Municipal.
Em conclusão: usar “meme” pode, mas é preciso talento e perspicácia redobrados ou a municipalidade terá problemas.
Construa o seu projeto com a Alcateia Política
Somos um coletivo de estrategistas em marketing político com o propósito de defender e manter a democracia, preservar a liberdade de pensamento como forma de construção da cidadania.
Desenvolvemos “soluções estratégicas em projetos políticos”, compreendendo as necessidades e particularidades de cada cliente, o cenário político no qual está inserido, elaborando as melhores soluções em marketing e comunicação, com honestidade intelectual, utilizando tecnologia e métodos científicos e valorizando as experiências vivenciadas.
Assumimos como missão: “Contribuir para a melhoria da sociedade brasileira, por meio de ações políticas éticas e inovadoras”.
Para conhecer outros conteúdos, acesse o nosso site e, de lá, nosso blog.
Nilson Hashizumi é profissional de marketing, jornalista, fotógrafo e gestor de cultura, com MBA em Comunicação Governamental e Marketing Político pelo IDP-Brasília. Coordenou e orientou campanhas de prefeitos em São Paulo e no Pará. Tem ainda experiência destacada em campanhas para deputado estadual em São Paulo. Com foco em resultados, trabalha com abordagem de processos na gestão da comunicação on-line e off-line, para construção de imagem, formação de opinião e reputação. Atuou por 28 anos no segmento de marketing, comunicação e sistemas de gestão para a iniciativa privada, organizações da sociedade civil e entidades de classe. https://www.linkedin.com/in/nilsonhashizumi/
Parabéns!!! Ótimo artigo.
Olá Magda!
É uma alegria que tenha visitado a plataforma e gostado do artigo!
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Muito obrigado!